ONDE ESTÃO OS NOVE?... É ALGO  BEM MAIOR QUE O PROBLEMA MATEMÁTICO!  Por Genildo Alves de Lima.

E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galiléia; E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes.

E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz; E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou. (Lucas 17:11-19).

Este texto é uma narrativa curta com algumas particularidades, tais como o fato de apenas o evangelista Lucas o registrar, e ser uma cura coletiva que beneficia dez pessoas ao mesmo tempo. Mas, além destas particularidades, há uma reflexão importante neste texto. Para começarmos tal reflexão, é importante que lembremos que todos essas dez pessoas igualmente padeciam do mesmo mal - a lepra.

À luz do contexto daquela época, quando se fala em lepra, deve-se lembrar que para ela não há preferência nem “preferidos”; a quem ela tocava, devastava terrivelmente! Não importando tamanho, cor, etnia, intelectualidade ou qualquer outro distintivo e status social; para tanto basta lembrarmos o caso de Naamã, no capítulo 5 de 2º Reis.

A lepra era incurável, e o leproso não podia aproximar-se dos demais; vivia uma segregação; eles viviam “a distância” e “ à distância”! Lucas registra que “... saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe...” (Lucas 17:12).

Ao clamarem por misericórdia, Jesus os atendeu, e todos foram curados. Mas o ápice dessa narrativa, mais do que a própria ação miraculosa[1], é a constatação de que apenas um voltou para agradecer! E isso fica patente quando o próprio Jesus faz a pergunta: Não foram dez os limpos? ONDE ESTÃO OS NOVE?

Dentre outras possibilidades de análise que o texto proporciona, quero deter-me na pergunta feita pelo Mestre: onde estão os nove? Muito mais que um problema matemático, a pergunta de Jesus nos lança um desafio real – onde estão todos os agradecidos? Todos os limpos? Todos os curados?

Para clarear nosso entendimento sobre a seriedade da reflexão aqui proposta é importante voltarmos a Isaías 1.6 e 53.4 e lembrarmos que o pecado é como uma lepra terrível que destrói o homem, e que, na cruz, por sua infinita graça (favor imerecido!), Jesus nos proporcionou a cura. Quando levamos isso em conta não podemos negar o fato de que “o mínimo que alguém curado desse tão grande mal pode fazer é demonstrar sua gratidão”. É aqui e agora o ponto: onde estão todos os que foram curados da terrível lepra do pecado? Onde estou eu? Quem me representa na narrativa dos dez leprosos? O “um que, glorificando, veio agradecer”, ou os “nove que não voltaram”?

A partir deste ponto podemos aprofundar essa reflexão. Tentando ser o mais justo possível, ponho em primeira pessoa os próximos pontos:

• Eu tenho sido grato a Deus por sua graciosa salvação?
• Se sim, como tenho demonstrado essa gratidão?
• Minha luz tem levado glórias a Deus (Mt 5.16), cultivando os bons costumes (1º cor 15.33 ), procurado andar em novidade de vida (Rm 6.4); digno da vocação a que fui chamado  ( Ef 4.1)? ou Tenho limitado minha demonstração de gratidão apenas às regulares frequências aos cultos de minha igreja?
• Tenho procurado uma vida que glorifique a Deus pela obediência aos princípios ensinados em sua palavra, ou tenho ignorado a santidade de Deus e abusado de sua graça, fazendo uso da liberdade por cobertura da malícia? (Ver Romanos 6:15, 1 Pe 2:16 e Judas 4).

Todas estas perguntas nos ajudam a localizar, se não onde estão os nove que não voltam para agradecer, mas onde estamos nós: se entre os nove, ou se compomos esse “um agradecido” por tão grande dom – A salvação! 

“Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” (Salmos 19:14).

CONTINUA...