FELICIDADE... FELÍZES OS QUE VERDADEIRAMENTE A TÊM!!

19/01/2013 16:34

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Felicidade.  Palavra que está entre as mais pronunciadas pela humanidade. Ela está no topo dos desejos das mais variadas formas  de saudações entre amigos e diversos modos de relacionamentos. Feliz páscoa! Feliz Natal! Feliz Ano Novo...!  O filho que honra seu pai lhe pede uma bênção, e este lhe diz: Deus te faça feliz! Feliz aniversário! Felicidades!! Aos nubentes se diz: “que sejam felizes!” E, no diálogo com alguém que, lamentavelmente, divorciou-se, ouvimos de um dos cônjuges: “desejo que ele (ou ela) seja feliz” (achei por bem não colocar aqui a exclamação). Há até quem, “infelizmente”, diga: “feliz halloween”(o que, na verdade é impossível). E acredite: há quem me reprenderia veementemente por esta ultima observação, e diria: O que você tem contra os amantes do halloween? Deixe-os “serem felizes!”. Puxa! “Felizmente” nosso objetivo aqui não é tornar ninguém infeliz, pelo contrário, é pensar melhor sobre o que seria, de fato, FELICIDADE.

Por certo a palavra “felicidade” é bem mais nova que aquilo que ela pretende nomear. O que é isso? Essa “coisa” que passamos a chamar de “felicidade”? Quando alguém está vivendo esse momento? E por quanto tempo ele dura? Para Platão,  há uma conexão entre virtudes e felicidade; de modo que a busca pela felicidade está intimamente ligada com a busca pela virtude. Para Aristóteles também não parecia tão diferente: “A felicidade é o fim que a natureza humana visa”. “O homem feliz, basta a si mesmo”. Para Aristóteles, uma vida virtuosa exige esforço e não consiste em divertimento. Portanto, a recreação não consiste em felicidade. Por isso, ele concluía que a boa atividade na virtude torna–se felicidade. Entre as inferências que fazem de suas afirmações está a de que, para o filósofo, “o homem feliz não é o que possui muito, mas o que se sente satisfeito com o pouco que possui.”

Usaríamos muito espaço para apresentar o que tantos homens externaram como definição para felicidade.  Dando um salto no tempo, cheguemos ao nosso dicionarista Aurélio Buarque de Holanda; temos em seu dicionário que felicidade é: Qualidade ou estado de feliz; ventura, contentamento; Bom êxito; êxito, sucesso; Boa fortuna; dita, sorte. ”(Dic. Digital Aurélio século XXI).  Para você, que agora se ocupa com esta leitura, possivelmente haja também uma forma de conceituar felicidade; assim como há, também, para mim. Mas nosso interesse não deve ser a busca por definições e conceitos diversos de felicidade, e sim pela busca da própria! Como dizia Comenius – considerado por muitos como o Pai da Didática Moderna – “por que vagar entre opiniões diferentes sobre as coisas quando se busca conhecer o que são as coisas realmente?” (Walker,Daniel ,2002,p.45,versão digital). É claro que em se tratando de um tema como esse, é inevitável a pergunta: Quem poderá por um ponto final nessa questão? Quem poderá  satisfatoriamente conceituar felicidade?

É possível que agora, o estimado leitor esteja dizendo: “Estou pagando pra ver! Quem pode definir, na íntegra, o que é felicidade”? E, antes de colocar aqui essa esperada informação, já quero adiantar que ser feliz vai muito além de ser um detentor de grandes posses. Embora, eu também afirme que “ser feliz é ter a certeza de possuir tudo o que “necessita”; inclusive algumas ‘necessidades’”. É saber que “nem tudo que a nós falta, nos faz falta”; pois “nem tudo que desejamos é o que necessitamos”.

Quando juntamos as ideias de felicidade platônica e  aristotélica, podemos até aproveitá-las de alguma forma: O homem feliz é virtuoso, mesmo que algumas virtudes não garantam a felicidade; contentar-se com o que se tem não faz o homem feliz, embora, o homem feliz se contente com o que tem. A virtude para Platão pode não atender aos critérios do que de fato é uma virtude. O pouco que alguém tem, na visão aristotélica, pode estar com a ausência do verdadeiro bem que lhe faria feliz!

Para complementarmos essa reflexão sobre o que seria realmente felicidade, vejamos a letra de uma canção de um jovem pastor de ovelhas. Ele estava geralmente longe de casa, em um trabalho árduo, ao relento e sob a ameaça de animais selvagens. A propósito, a pesar de ser ele pastor,  prefere referir-se a si mesmo como “apascentado”.

O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos,

guia-me mansamente a águas tranquilas.

Refrigera a minha alma;

guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte,

não temeria mal algum, porque tu  estás comigo;

a tua vara e o teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim

na presença dos meus inimigos,

unges a minha cabeça com óleo,

o meu cálice transborda.

Certamente que a bondade e a misericórdia

me seguirão todos os dias da minha vida;

e habitarei na casa do SENHOR

por longos dias. (bíblia Sagrada, salmos 23)

 

Na abertura de sua canção ele resume toda sua felicidade: Ela reside na certeza de que ele é uma “ovelha” e tem um “pastor”, e que este é o supremo detentor de toda a “completude” necessária. Por isso ele acrescenta: Nada me faltará. Na sequência, ele lista todo o suprimento que seu pastor providencia: Não são apenas “verdes pastos”, mas ele pode “deitar-se”; ele tem a segurança, a calma para tal; ele admite que seu pastor é quem  faz tudo isso acontecer. Não são apenas “águas tranquilas”, seu pastor o guia “mansamente” até elas! Há uma ação “refrigeradora” para sua alma! Diferente de Platão e Aristóteles, ele não tem uma autoconfiança de que possui virtudes a serem aprimoradas, mas, atribui a seu pastor a ação de guiá-lo pelas “veredas da justiça”, e que este o faz por amor de seu próprio nome. Ele admite a possibilidade de andar pelo vale da sombra da morte! Mas está confiante que não temerá mal algum. E conta com o consolo ( admitindo assim a necessidade dele) da vara e do cajado[1](instrumentos do pastor para “disciplinar” e “proteger” suas ovelhas) desse sublime pastor !

Nas demais linhas de sua canção, esse pastor-poeta demonstra a segurança de que terá vitória diante de seus inimigos; haverá banquete, e bom tratamento medicinal, ou até cosmético (ver. Vers.5), um cálice transbordante; estará sempre diante da bondade e misericórdia, e habitará na casa de seu Sublime Pastor (O Senhor) por longos dias!

Quem ousaria dizer que esse jovem não tem a felicidade? Que nome nós daríamos ao estado por ele testemunhado? Afinal, ele afirma alegremente: “nada me faltará!” E em contrapartida, admite ser um “usuário do consolo” proveniente do “cajado salvador” e da “vara disciplinadora” de seu Pastor! De fato, esse jovem afirma ter tudo, inclusive algumas “necessidades necessárias” ao homem feliz!!

Conta-se que num culto, um irmão  muito simples, que pouco sabia ler, em uma oportunidade  leu o Salmo 23, e toda igreja foi tomada por um efeito maravilhoso; todos pareciam ter entendido de maneira especial a palavra, a ponto de externar grandemente sua alegria. Em outra oportunidade o mesmo salmo foi lido por um irmão “letrado”, que detinha até certo poder de oratória, mas não houve o efeito esperado (já que os mesmos ouvintes sabiam que esse leitor era melhor conhecedor da linguagem); na verdade, parecia até que o texto era outro!

Como explicar essa situação? Bom, quem  contou esta história, deu-me uma resposta simples: O leitor “letrado” conhecia muito bem o “salmo do Pastor”, mas o leitor “sem letra” conhecia bem melhor o “Pastor do Salmo!” Eu não sei se, de fato, foi esta a causa das diferentes reações dos ouvintes, mas certamente corroboro com o fato de que “conhecer o pastor do salmo” é o mais importante para quem realmente quer ter a felicidade.

 Como o  jovem pastor que escreveu a canção aqui comentada, outro salmista escreveu: “Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto”(Salmo 100.3). Certamente, a essa altura, já não é possível passar despercebido de que “ser ovelha do Senhor” é sinônimo de felicidade. Outro salmista afirma: “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou. Porque ele é o nosso Deus, e nós povo do seu pasto e ovelhas da sua mão”(Salmos 95.6-7). Ser do Senhor é ser feliz. Ter a Deus como nosso Senhor e Pastor é ter felicidade! Por isso o salmista continua: BEM-AVENTURADO aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem”(salmos 128.1-2). Não só o indivíduo é alcançado por esta felicidade, mas toda uma nação: “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança”(Salmos 33.12).

O que é então felicidade? Felicidade é a segurança fundamentada na certeza de ser ovelha desse Pastor! E quem é esse Pastor? O autor do salmo 23, possivelmente não soubesse, mas seu hino de louvor a Deus era também um texto profético, e mil anos depois estaria se cumprindo! O  evangelista São João registra as palavras desse bondoso pastor : “... eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas(...) Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas”(Jo.10.10,11,14,15).

Jesus é O Bom Pastor! Dele fala Davi, o jovem compositor. Ele também é a porta para entrada e saída do aprisco; suas ovelhas estão sob seu total cuidado! Ele, Emanuel –  O Deus conosco – esteve entre nós; veio para nos dar vida ,e vida plana! Vida com felicidade! Claro que não se trata de garantia de não enfrentar adversidades (como costumam ensinar [erroneamente] “certos bispos e apóstolos” da teologia da prosperidade). O próprio Jesus deixou claro que todos os que o quisessem seguir enfrentariam dificuldades, que ele mesmo comparou a uma “cruz”; e na noite em que foi traído avisou: “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”(Jo.16.33). Ele também nos ensinou que não deveríamos nos lançar em preocupações com necessidades desta vida; isso não faz bem. E como ele disse: "... Basta a cada dia o seu mal"  (Mateus 6 :31-34). Portanto, não há razão para pensarmos que as dificuldades que as ovelhas desse sublime pastor encontram pelo caminho lhes tirarão a felicidade; ela está eternamente garantida! “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”(Jo.10.28). Vês estas palavras? São do Bom Pastor! Elas constituem a maior garantia que a literatura mundial  já pode abrigar! Ser do Senhor é estar em seus cuidados. E estar em seus cuidados e não ser feliz é uma impossibilidade!

Quem pode ser ovelha deste aprisco? Quem pode obter a real felicidade? Que, na verdade, perpassa a “felicidade prometida pelo mundo”, cujo conceito, tem sido distorcido ao longo do tempo; fazendo com que felicidade seja confundida com entretenimentos, distrações e bens passageiros e banais! A resposta nos é fornecida no Santo Livro, a Bíblia Sagrada, pelo próprio Bom Pastor: “ Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor (Jo.10.16).  Eis a resposta: Todos podem obter a real felicidade! Todos são convidados a fazer parte deste rebanho! O Bom Pastor convida: “ Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.(...) e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve ( Mt.11.28,29).

O que resta-nos agora é perguntar: já sou ovelha deste rebanho? Se eu posso responder esta pergunta com “um Sim”, então sou detentor da verdadeira felicidade! Mas se ainda não tenho a verdadeira felicidade, preciso, desesperadamente, correr para os braços do Bom Pastor! Não há nada que possa ser comparado a estar sob seus cuidados; sob suas orientações. Certa vez uma mulher empolgou-se com um discurso de Cristo e atribuiu a glória a Maria, mulher que Deus escolhera para (aqui na terra) ser sua mãe: “ ... uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado [muito feliz] o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados [muito felizes] os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”(Lucas 11.28,29).[ênfase minha]. Vejamos que grande felicidade esse texto nos revela! Ninguém pode negar que o ventre e os seios de Maria (ao, respectivamente, carregarem e amamentarem o Deus-Homem, quando este esteve entre nós) tenham sido, de fato, felizes por terem sido escolhidos para tal missão; mas o próprio Jesus nos garante que suas ovelhas, aqueles que guardam as suas palavras, são ainda mais felizes!

O que é então felicidade senão a certeza de pertencer a Cristo Jesus?!...Não tenho outras palavras para definir felicidade. Felicidade é o repouso em um estado de total segurança, e por toda a eternidade!  Felicidade é o “alívio” de poder “carregar a cruz” daquele que é capaz de nos fazer feliz. De fato, “cruz” lembra “dificuldades”; mas ser feliz é ter a convicção de que estamos na direção certa, independentemente, dos obstáculos que se nos interpõem. E digo isto, porque também o vejo na Santa Palavra de Deus. Felicidade não é autorrealização, ou acúmulo de bens terrenos. Jesus advertiu: "... a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” (Lc 12:15). Na verdade, as dificuldades constituem um “combate” que vencemos felizes! Um combate no qual vale apena empenha-se; para a honra e a glória de Deus. Todos os que têm a verdadeira felicidade ficam firmes até ao final do combate, e podem, como Paulo, afirmar confiantemente: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (II Tm 4.7,8). Isso é Felicidade!

Na esperança de que este texto seja lido, e que sua leitura enseje uma  proveitosa reflexão, cujo fim seja para glória de Deus e real felicidade de suas criaturas, desde já saúdo a todos com a doce e gloriosa paz daquele que pode conduzir-nos às fontes das águas da vida.

Fraternalmente,

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Ir. Genildo Alves de Lima

 

 



[1] [Do lat. vulg. hisp. *cajatu < lat. tard. caja, 'pau', 'bordão'.]S. m.  1. Bordão de pastor, com a extremidade superior arqueada.  (Dic. Aurélio Digital-Seculo XXI)

Notas: Walker, Daniel – Comenius: o criador da Didática Moderna,2002,p.45,versão digital disponível em WWW.ebooksBrasil.org

 

IRMÃO GENILDO ALVES DE LIMA