UM ENCONTRO INESQUECÍVEL

01/12/2014 23:48

 

Eu fazia parte da elite religiosa daqueles dias. Eu notei que ele não era igual aos demais - ele tinha autoridade! O jeito como tirou aqueles vendedores do Templo... tirando os animais, espantando pombas e ovelhas... bom, eu concordo com ele. Templo é Templo...  

 Eu também não podia ignorar os sinais que ele fazia, sobre tudo, o exemplo de vida que ele demonstrava. Mas o fato é que em mim ainda havia muito orgulho para assumir isso assim tão rápido! No entanto, devo admitir que apertava-me o coração e algo me dizia que eu devia procurá-lo. Mas o que diriam meus correligionários...?

Com o declínio do sol e o chegar do ocaso me veio uma ideia, que só a executei após o crepúsculo. E embora tal ideia ainda levasse consigo as marcas ferrenhas de meu orgulho bobo, não posso negar que naquele crepuscular deu-se o início do mais belo amanhecer de toda a minha vida; aliás, foi como um novo nascimento; eu realmente nasci de novo!

Para não ser visto por meus amigos, admiradores e correligionários, o que me causaria vergonha (e que vergonha tenho agora de dizer isso!), fui à noite conversar com ele. Claro que planejei  um discurso de entrada: Palavras lisonjeiras; e ( o que não pude esconder), com uma certa certeza de que eu era errado, mas estava me dirigindo a pessoa certa; levei-lhe, como prova de minha pequena confiança, uma “condicional se”, que demonstrava minha força de argumentação de que Deus era com ele. E o que ele me respondeu?? Bom, ele me devolveu outra condicional que, na verdade, vinha implícita em outra palavra que não o “se.”

A ele, eu disse: Rabi, bem sabemos que tu és mestre vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer os sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. A mim, ele disse: “Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus!” Então eu vi a parte que me tocava à condicional: “se eu não nascesse de novo, não poderia ver o Reino de Deus”!

E o diálogo não parou por aí...

 

 

 

 

REFLEXÕES À PARTE...

Essa seria uma possível reflexão feita por Nicodemos. Claro, uma reflexão dentre muitas. Mas o mais interessante aqui é o fato de que um homem que era importante em seu meio social percebeu que tal importância de nada adiantaria para validar sua entrada no Reino de Deus.

Nicodemos foi ter com Jesus à noite porque temia ser visto e tachado de traidor dos ideais religiosos de seu grupo, mas, ao ver a Cristo, não pôde esconder sua fé que, embora parecesse pequena, era suficiente para aquele encontro.

Como um dos “principais” entre os judeus, Nicodemos conhecia as escrituras, e, por isso, quando Jesus lhe falou que “assim como Moisés levantou a serpente no deserto, importa que o filho do homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça”, ele entendeu que Jesus era aquele que “seria levantado”; ele era o Filho do Homem.

Nicodemos conhecia muito bem a história registrada em Números 21.4-9. O povo havia pecado, e serpentes venenosas recaiam sobre o povo, como castigo. Todos os que foram  picados morreram, exceto aqueles que olharam para a serpente de bronze que Moisés, por determinação de Deus, havia posto numa haste.

Ficou claro para Nicodemos: Todos nós precisamos  “nascer de novo” porque já morremos! Nascer de novo equivaleria ao que acontecia com o homem picado pela serpente venenosa (e Nicodemos provavelmente entendeu que o veneno de tal serpente era uma figura do pecado) que olhava para a serpente de bronze e não morria. Essa serpente de bronze, agora Nicodemos sabia, representava o próprio Cristo – o único que podia atuar como soro antiofídico  contra o pecado que, como um veneno mortal, assola a humanidade!

Mas... uma serpente??! Parece contraditório, assim de pronto, associar uma serpente como tipo para um antítipo como O Filho de Deus. Mas nesse caso não há dúvidas, pois foi o próprio Jesus quem revelou a interpretação do texto. E, de fato, não há contradição alguma; mais adiante a Bíblia nos esclarece: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus (2 Cor. 5.21).

Ao falar sobre a reconciliação do homem com Deus, Paulo nos diz que “...Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados...” (vers.19), e, na sequência, revela uma das mais dramáticas facetas do sacrifício de Jesus: Ele foi tratado como o próprio pecado! De fato, Deus o Pai, por tanto amar o mundo, deu seu único filho, e permitiu que Ele fosse tratado como o próprio pecado! Ele foi humilhado de todas as formas. Desde a traição, negação, socos, zombarias, atentado ao pudor e etc, até os últimos insultos na cruz!

O  pecado tinha de ser punido porque Deus é justo! Mas quem  suportaria o ardor da justiça de Deus? Que homem suportaria? Por isso e para isso, o Filho do Homem estava ali. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).”

Depois que Nicodemos ouviu a expressão da maior expressão de amor da história, não teve mais dúvida: só há uma saída para o homem que, agora caído, procura desesperadamente nascer de novo! Não há uma terceira alternativa. Apenas há a de crer, ou a de não crer no Filho de Deus!

A luz veio ao mundo. E mesmo com a triste constatação de que a humanidade  tenha amado mais as trevas do que a luz ( e esta é a condenação), há também aqueles que farão parte do grupo que vem para a luz.  Jesus explica a Nicodemos alguns detalhes desta escolha trágica da humanidade. Quem, e por que daria a preferência às trevas ao invés da luz?  Volta-se ao velho orgulho! É a soberba terrível que a humanidade alimenta...  Os que não vêm para a luz, não o fazem, somente para não admitir seus erros! “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas (vers.19)”.

Há o outro grupo; aqueles que crêem no Filho de Deus. Esses vêm para a luz e estão dispostos à prática da verdade. “Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus (vers. 21).”

Seria proposital a escolha discursiva de Jesus de finalizar seu diálogo com Nicodemos trazendo esse contraste de luz e trevas, obscuridade e clareza, ocultação e manifestação? Por razões não louváveis Nicodemos foi à noite encontrar-se com Jesus, mas acabou descobrindo que as trevas que o envolviam eram bem mais densas que a sombra da noite que apenas lhe escondia de seus colegas de religião – era a escuridão do pecado! Naquela noite Nicodemos escondeu-se na ausência da luz solar, mas se expôs nas trevas em que o Pecado lançou toda a humanidade. No entanto, aquele homem que, por motivos mesquinhos, esperou a noite chegar para dirigir-se a Cristo, voltou cheio de vida, e mesmo tendo ido a esse encontro em “dupla escuridão”, voltou cheio de luz, pois encontrou-se com a Luz  do mundo; com a Resplandecente Estrela da Manhã; com o Sol da Justiça (Jo 8.12, Ap 22.16, Ml 4.2)!

Na certeza de que Cristo, aquele que expiou nossos pecados, em breve voltará e nos levará para estarmos eternamente com Ele, e na esperança de que esta pequena reflexão eleve nossa fé, e promova edificação espiritual, saúdo a todos os leitores com a doce e gloriosa paz do Senhor Jesus.

Fraternalmente,

Ir. Genildo Alves de Lima

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